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Cenário econômico e cooperativismo financeiro: o que esperar em 2016?

Dado o quadro já amplamente conhecido, é improvável que em 2016 tenhamos algo de novo na esfera econômica. Ou seja, o ano em curso deverá reproduzir as dificuldades que foram a tônica em 2015, diagnóstico este que, a julgar pelo pessimismo recente dos mercados, pode ser impulsionado pela cena internacional.
 
O prognóstico, com efeito, indica um exercício com retração na atividade econômica (baixo consumo e investimento paralisado), inflação resistente, juros em patamar elevado, desemprego crescente e perda de renda pelos trabalhadores, cenário que aprofunda a incerteza e a desconfiança. Adicionalmente, seguiremos sob forte instabilidade no campo político, o que fará, novamente, desviar a atenção do Congresso e do Executivo para objetivos menos relevantes sob a perspectiva dos cidadãos e dos empreendedores.
 
Em decorrência, somado o fato de as famílias, em grande parte, já terem chegado ao limite de sua capacidade de endividamento, é certo que o sistema financeiro será ainda mais seletivo na concessão de crédito nos próximos meses. Os bancos manterão sua política de compensar a perda de receitas com juros mediante calibragem dos ganhos com tarifas de prestação de serviços e tesouraria (diante da Selic alta), sem negligenciar a gestão de seus custos.
 
Do lado das instituições financeiras cooperativas, historicamente (vide 2009-2011 e 2015), os intervalos de crise têm-se transformado em oportunidades reais de crescimento e de ganho de mercado.
 
Mantida a imprescindível cautela, as cooperativas poderão preservar o seu compromisso de assistir aos seus cooperados em suas demandas de crédito, em especial àqueles fiéis à entidade e com bom histórico de adimplemento, bem como aos que estão ligados a setores menos vulneráveis à crise.
 
É tempo, também, de conquistar novos associados, uma vez que nesses períodos de adversidade muitos clientes ficam insatisfeitos com o tratamento recebido dos bancos, seja pela redução de limites de crédito, de um lado, seja pela elevação das taxas de juros e das tarifas, de outro.
 
O momento é igualmente sugestivo à intensificação do relacionamento operacional com os sócios, fora da intermediação financeira. As cooperativas dispõem, hoje, de um eclético e competitivo portfólio de produtos e serviços, cobrindo praticamente todas as demandas dos cooperados. Daí que é necessária uma postura (mais) ousada no sentido de levar ao associado soluções como consórcios (altamente competitiva em cenário de juros altos), cartões, adquirência (“maquininha” de cartões), seguros, previdência privada, cobrança, convênios e similares.
 
Por óbvio, a atual fase também pede (especial) parcimônia nos gastos. Logo, é uma boa hora para repensar estruturas, processos, contratos de prestação de serviço e despesas administrativo-operacionais em geral. Um melhor aproveitamento das estruturas das entidades de segundo e terceiros níveis do sistema cooperativo associado é, sem dúvida, oportunidade a ser considerada como solução para a diluição de custos e investimentos locais.
 
Para esses dias de escassez, aliás, calha bem a lição de Benjamin Franklin: “Cuidado com as despesas miúdas: pequenos vazamentos podem levar um grande navio a pique”.
 
De tudo, uma certeza: A crise – como sempre – será passageira… O desafio é (sabermos) fazer a travessia!

Ênio Meinen

autor de Cooperativismo financeiro na década de 2020: sem filtros! (ed. Confebras, 2020 – na 2ª ed./2023) e diretor de coordenação sistêmica, sustentabilidade e relações institucionais do Sicoob.

 

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