Recentemente li um artigo que apresentava várias ressalvas em relação às ações de educação financeira, entre elas o temor da redução na base de cooperados e suas receitas por conta do acesso à Educação, Formação e Informação (leia-se o 5° Princípio do Cooperativismo), fruto da eficácia das ações de educação financeira. Seguramente esta “pré-ocupação” deve ser mais dos bancos do que propriamente das cooperativas de crédito.
Como Economista e Educador Financeiro, não tenho dúvidas que a educação financeira é uma frutífera ação tanto para as pessoas quanto às cooperativas. A razão é simples, juntas as cooperativas de crédito atualmente possuem algo em torno de 8 milhões de cooperados em nosso país, contra aproximadamente 130 milhões de clientes bancários, considerando os principais bancos (Fonte: Revista Exame – Melhores&Maiores 2014 e Sistemas Cooperativos).
Você acredita que pessoas mais informadas e educadas financeiramente não farão comparações entre seus bancos e as cooperativas? (a exemplo do que já se vê na mídia). Por isso, acredito que as cooperativas não devem limitar estas ações somente aos seus cooperados, mas ofertar para toda a comunidade onde está inserida, aplicando além do 5°, também o 7° princípio que é o Interesse pela Comunidade.
Cooperados com maior formação financeira estão mais atentos, mais criteriosos e organizados, ou seja, sujeitos a boas escolhas. Pessoas mais organizadas financeiramente tendem as ser mais adimplentes, além de investir melhor o seu dinheiro buscando mais rentabilidade e transparência.
As cooperativas de crédito têm muito a ganhar investindo em educação financeira e não tenho dúvidas que é mais fácil um banco perder um cliente, do que uma cooperativa um cooperado.
Discute-se há muito tempo em seminários e encontros de planejamento estratégico, ações para tornar a cooperativa a primeira opção do cooperado, sendo que parte significativa da base tem a sua cooperativa como uma “segunda opção” (por enquanto!), especialmente as cooperativas que atuam em grandes centros onde a cultura e a informação ainda não estão disseminadas, além de um maior número de instituições financeiras. Portanto, este cooperado que também é correntista de um grande banco, devidamente informado e orientado, em algum momento vai comparar os preços praticados. Entretanto, ressalto quando da oferta de palestras e cursos, a importância de o educador financeiro conhecer a cooperativa e o cooperativismo de crédito, tornando este um momento oportuno para negócios, inclusive.
Realizando palestras de educação financeira há 4 anos, para diversos públicos, em parte não cooperados, tenho orientado aos participantes: “comparem tarifas e juros do cartão de crédito, limite de crédito, entre outros… do seu banco em relação às cooperativas, depois vocês decidem!”. São inúmeros os retornos que recebo de pessoas que se tornam cooperados, ou mesmo cooperados que ainda não utilizam efetivamente a sua cooperativa e acabam migrando uma série de produtos e serviços do seu banco.
No mais, é fazer do limão, uma limonada, como diz o ditado. Aproveitar este momento que infelizmente ou felizmente é propício para a busca de novos cooperados.
Fica uma dica, quem sabe destinar 15 minutos do precioso tempo das AGO’s para entregar a cada cooperado um PLANEJAMENTO FINANCEIRO FAMILIAR, orientando sua utilização.
Todavia, esta ação não deve substituir palestras ou cursos ofertados durante o ano, trata-se de uma iniciativa. Portanto, só conseguiremos fazer um país mais cooperativo com educação, e no cenário atual a educação financeira é um bom começo.
Educação Financeira funciona. Simples e sem economês!