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Centenário no país, cooperativismo de crédito busca disseminação

A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) define cooperativa como uma associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente para satisfazer suas necessidades comuns através de um conjunto de princípios e democraticamente controladas colocando as pessoas no centro de suas atividades e não o capital.
 
Em outras palavras, é uma sociedade de pessoas que tem como objetivo atender as necessidades comuns de seus associados presumindo que, em união com outras pessoas, alcançam ganhos maiores do que se estivessem sozinhas. O objeto de uma cooperativa de crédito é prestar assistência creditícia e prestação de natureza bancária a seus associados em condições mais favoráveis.
 
Criadas pelo alemão Franz-Hermann Schulze Delitzsch na metade do Século XIX, as cooperativas de créditos nasceram como “os primeiros sindicatos de crédito do mundo”.
 
Uma década depois seu compatriota Friedrich Wilhelm Raiffeisen fundou a primeira cooperativa de crédito rural, também na Alemanha. Embora Shulze-Delitzsch possa reivindicar a procedência cronológica, Raiffeisen é muitas vezes lembrado hoje como mais importante.
 
No final da década de 1880, as cooperativas se espalharam por Itália, França, Holanda, Inglaterra e Áustria e tornaram-se grande sucesso servindo tanto comerciantes, artesãos e proprietários de lojas como pobres camponeses que enfrentavam severa escassez de crédito.
 
Cinquenta anos após seu surgimento, mais de 2 milhões de alemães eram associados às cooperativas de crédito, sendo que 80% viviam em comunidades com menos de 3000 habitantes.
 
Passados mais de 150 anos, as 300 maiores empresas cooperativas do mundo geraram mais de US $ 1,6 trilhão em faturamento, segundo o relatório Global 300, produzido pela Aliança Cooperativa Internacional em 2011. Este valor é comparável ao PIB da nona maior economia do mundo.
 
O crescimento da economia mundial e a globalização dos mercados têm favorecido o surgimento de grandes conglomerados financeiros com atuação mundial. Neste cenário, também as cooperativas de crédito assumem papel extremamente importante em países como Estados Unidos, Canadá e diversos na Europa. Segundo o Banco Central do Brasil, as cooperativas de créditos estão presentes nos 50 maiores sistemas financeiros do mundo representados pelos modelos francês, japonês, holandês e alemão.
 
Alguns modelos cooperativistas de crédito são conhecidos mundialmente como é o caso do sistema Desjardins no Canadá, Rabobank na Holanda, Credit Agricole na França, Mondragon na Espanha, NCUA nos Estados Unidos e DGRV na Alemanha. Nestes países a participação de mercado das cooperativas varia entre 20% e 40% do total de recursos administrados pelo sistema financeiro local.
 
De acordo com o Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU, sigla para World Council of Credit Unions), existem mais de 56 mil cooperativas desse tipo no mundo, localizadas em 103 países, com um total de associados que ultrapassa os 207 milhões.
 
Apesar da forte expressão em nível mundial, no Brasil as cooperativas detêm apenas 3% da participação de mercado, mesmo sendo responsáveis por quase 15% de todos os pontos de atendimento (agência) instalados no país. Tais números demonstram o grande potencial a ser explorado por aqui.
 
A história do movimento no Brasil teve início em Nova Petrópolis (RS), no ano de 1902 por iniciativa do Padre suíço Theodor Amstad. Atualmente o Cooperativismo de Crédito é formado por 1.097 cooperativas (1.060 singulares, 35 centrais, duas confederações e dois bancos), 4.470 postos de atendimento (não incluídas as sedes das cooperativas que em muitos casos prestam atendimento) em 2.453 municípios (44% das cidades brasileiras) alcançando o total de 8,3 milhões de cooperados.
 
Para crescer ainda mais, o grande desafio do cooperativismo de crédito é enfrentar o desconhecimento, já que a população em geral desconhece seu funcionamento. Uma vez entendidos seus diferenciais em relação às instituições financeiras convencionais a população pode contar com mais uma alternativa a bancos.
 

Leo Trombka

presidente do Conselho de Administração da UNICRED Brasil, vice-presidente do Conselho de Administração do FGCoop e coordenador nacional do CECO

 

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