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Cooperativismo é alternativa para a economia brasileira

20/02/2015

O cooperativismo é um modelo socioeconômico fundamentado na participação democrática, na independência, na solidariedade e na autonomia dos que se unem de forma voluntária em prol de um objetivo econômico e social comum. Sendo assim, no mundo cooperativista, a meta é atender às necessidades do grupo e garantir o bem-estar de cada integrante. As pessoas que se reúnem em cooperativas creem em um modelo econômico diferenciado, no qual as decisões são coletivas e os resultados distribuídos com equidade, conforme a participação de cada indivíduo. Honestidade, responsabilidade social, transparência e preocupação com o meio ambiente são valores essenciais das cooperativas. A regra de ouro é buscar resultados economicamente viáveis, ecologicamente corretos e socialmente justos.
 
Estudos da Aliança Cooperativa Internacional demonstram que o cooperativismo vem ganhando força no mundo inteiro. As cooperativas estão presentes em cerca de 100 países e gera mais de 100 milhões de empregos. Atualmente, o modelo econômico focado na partilha de decisões e resultados alcança 1 bilhão de pessoas. O número de cooperados já ultrapassou, por exemplo, a população de todo o continente americano (em torno de 980 milhões de habitantes).
 
Nos últimos anos, o cooperativismo tem firmado sua participação e posição de destaque na economia do Brasil e na construção de uma sociedade mais justa com indicadores representativos. Hoje, o Sistema OCB- Organização das Cooperativas Brasileiras, representa mais de 6,8 mil cooperativas em todo o Brasil, divididas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões de associados e em torno de 340 mil empregos diretos. O número de cooperados mais que dobrou na última década – em 2002, eram 5,2 milhões de brasileiros agrupados em cooperativas.
 
O movimento cooperativista atua em 13 ramos de atividades diferentes que juntos somam 6.603 cooperativas. Interessante observar que 83% delas pertencem a cinco setores: Agropecuário (1.561), Transporte (1.095), Crédito (1.042), Trabalho (946) e Saúde (848).
 
O Sudeste é a região que concentra o maior número de sociedades cooperativas (2.357), sendo que 949 se localizam no estado de São Paulo. Em seguida, aparece o Nordeste, com 1.755 – 788 somente na Bahia. Juntas, as duas regiões detêm 62% das cooperativas existentes no país.
 
O Ramo Crédito lidera o ranking de cooperados, com mais de 6 milhões de pessoas. Quase metade dos associados no país (49%) faz parte de alguma cooperativa de crédito. Em seguida, aparecem as cooperativas de consumo (2,8 milhões de associados), agropecuárias (pouco mais de 1 milhão) e de infraestrutura (cerca de 900 mil) Juntas, possuem 92% dos cooperados. Dos 11 milhões de brasileiros engajados em alguma cooperativa, mais de 80% vivem no Sudeste (5,1 milhões) e no Sul (4,4 milhões). Alguns estudiosos acreditam que a boa aceitação do cooperativismo entre a população dessas duas regiões tenha raízes na herança cultural dos imigrantes europeus, no século XIX, marcada pela tradição associativista. Os cinco estados que somam o maior número de cooperados são, respectivamente: São Paulo (3,4 milhões); Rio Grande do Sul (2,1 milhões); Santa Catarina (1,4 milhão); Minas Gerais (1,2 milhão); e Paraná (850 mil).
 
O cooperativismo tem contribuído de forma significativa para a redução dos índices de desemprego. A força de trabalho das cooperativas, desde 2002, quase dobrou, passando de 171,3 mil empregados para os atuais 340 mil. O Ramo Agropecuário é o que mais gera empregos diretos: 164,2 mil (51%). Em seguida, aparecem as cooperativas de saúde (78,2 mil) e crédito (38,1 mil).
 
As exportações das cooperativas chegaram a US$ 6 bilhões em 2013. Historicamente, a balança comercial das cooperativas apresenta saldo positivo, tendo alcançado US$ 5,6 bilhões no acumulado de janeiro a dezembro. Mais de 90% das exportações são de produtos agropecuários, entre eles: açúcar, soja, café, carnes bovina, suína e de frango. As vendas das cooperativas alcançaram 143 países, das 27 unidades da Federação, 21 realizaram exportações por meio de cooperativas em 2014.
 
O ramo crédito é um setor que avança a passos largos dentro do cooperativismo brasileiro. Hoje apresenta, na média, um crescimento percentual três vezes superior ao do mercado bancário convencional. Nos últimos cinco anos, em alguns indicadores, como a captação de depósitos, cresceu nove vezes mais que os bancos comerciais. Em relação aos associados, também houve um aumento: dos 3,5 milhões registrados no fim de 2008, o número saltou para 6,6 milhões. Os referenciais utilizados para avaliar o cooperativismo de crédito permitem observar uma curva ascendente e sustentável que desenha um futuro promissor.
 
Celso Régis, coordenador do Ceco-Conselho Consultivo de Crédito da OCB , diretor da OCB, presidente do Sistema OCB/MS e presidente do Sicredi União Mato Grosso do Sul, lembra que o crédito é um ramo com capilaridade em todos os demais setores de atuação do cooperativismo, em virtude da sua natureza.
 
“Todas as cooperativas têm atividade financeira e com a profissionalização cada vez maior das cooperativas de crédito e o reconhecimento do mercado de sua importância para o desenvolvimento das comunidades e das pessoas, o ramo terá grandes influências junto a todo o cooperativismo brasileiro”, afirma.
 
Ele considera que o principal aspecto a ligar uma pessoa a uma cooperativa de crédito é a confiança – a grande força do modelo cooperativo de empreendimento. “No mercado financeiro, essa premissa é ainda mais importante, visto que está enraizada na formação do conceito da cooperativa, do desenvolvimento da comunidade e do relacionamento entre as pessoas, pois a cooperativa é feita de gente para gente”, afirma.
 
Para os próximos anos, Celso Regis diz esperar um forte crescimento no ramo, com a expansão em todas as atividades econômicas, seja no campo ou na cidade.
 
“Acredito que a cooperativa de crédito chegará, a partir de uma melhor educação financeira da sociedade, a um patamar no mercado financeiro brasileiro de mais de dois dígitos do Sistema Financeiro Nacional, e isso em um médio espaço de tempo”.

Rural Centro

 

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