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Trabalho cooperado garante realizações pessoais e contribui para brilho carnavalesco

19/02/2016

Comprar um carro à vista. Contratar uma festa de casamento e ainda viajar para o Nordeste. Montar a própria confecção de roupas. Esses são os sonhos de três companheiras de trabalho, diga-se, de passagem, sem patrão, em vias de tornar-se realidade. Isso, graças ao empenho pessoal de cada uma delas e de outras colegas de empreitada, igualmente esforçadas e com projetos pessoais múltiplos. Elas simplesmente vão botar na rua o Grêmio Recreativo Escola de Samba Nações Unidas. São as responsáveis pelas 830 fantasias que a agremiação de carnaval irá mostrar na avenida Beira-Mar, no dia 5 de março.

As metas de consumo mencionadas são respectivamente de Marlizabete Gomes da Silva, de Lia Maria Gonçalves e de Neusa Santos Silva. Estas e mais quatro costureiras fazem parte de um grupo de produção, que funciona em sistema de cooperativa, formado pelo Fundo Social de Solidariedade (FSS) de Cubatão. A equipe começou no início do ano passado, visando à confecção das sacolas não descartáveis, as chamadas ecobags, ainda comercializadas na Fábrica da Comunidade, que cede às cooperadas graciosamente o espaço de trabalho. Numa sala do térreo, elas permanecem diariamente reunidas operando as máquinas de costura, e aproveitaram para falar dessas tarefas na manhã desta quinta-feira, 3 de fevereiro.

Fora as fantasias da Nações Unidas, contaram que estão ainda ocupadas com as de outras duas escolas de samba, principalmente calças de quem vai para o asfalto. São as agremiações: a Sangue Jovem e a Real Mocidade, ambas de Santos. Estas últimas foram captadas pelo chefe do Serviço Administrativo e Financeiro do FSS, Ivo de Oliveira. “Foi ele quem fez os contatos e trouxe o serviço para a gente”, disse Neusa Santos Silva. Explicou que são capazes de costurar cerca de 100 peças por dia e que, para tanto, trabalham cerca de 12 horas, podendo enveredar por jornadas que incluem o sábado e o domingo.

Emoção - Afirmaram sentir um prazer muito especial em encontrar as peças que produziram enchendo os olhos do público que vai assistir ao desfile. “Quando falo nisso, chego a me arrepiar”, disse Neusa Silva, do alto da mesma euforia de quem ganha a avenida, mostrando samba no pé. Concordaram que vão ver os trajes por elas confeccionados, fazendo o Carnaval de Cubatão, por cujos louros também se sentem responsáveis. “Me sinto muito orgulhosa e, no nosso caso, melhor que desfilar é assistir, disse Maria Alvina Teixeira Rodrigues. A mesma opinião, durante a conversa, é manifestada por Maria do Socorro Cavalcante, por Vera Célia da Silva Sudatti e por Maria Benedita da Silva.

Mostram-se já acostumadas com a glória que tem garantido brilho à Cidade. Também fizeram as fantasias da Nações Unidas do último reinado de Momo e ainda os figurinos do evento do calendário oficial do Município Caminhos da Independência. Este ocorre anualmente por ocasião da passagem do Sete de Setembro, reunindo atores televisivos que revivem, sempre de perspectiva diferente, o episódio histórico, levado pelo Teatro do Kaos. “O ano passado foram nada menos que 886 trajes”, lembrou Alvina Rodrigues, com exatidão. Também saíram das mãos dessas costureiras o figurino do grupo de maracatu Zabelê, que se apresentou recentemente na Cidade entre outros grupos de danças populares. A equipe de costura tem também em seu currículo uniformes de trabalho.  

Contaram que é interessante o trabalho conjunto porque permite que se animem umas com as outras, que conversem e se distraiam, o que torna a tarefa mais prazerosa. Mas, segundo elas, o mais importante é se comporem em sistema de linha de montagem. Contam com equipamento que tem origem diversa, ao todo sete máquinas de costura, sendo três do FSS, uma da Fábrica da Comunidade e três delas mesmas, entre estas incluída uma overloque. A manutenção das máquinas também é por conta das costureiras, conforme fizeram questão de frisar.

Empresa social - A presidente do FSS, Darcy Chumbo Mendonça, diz-se muito satisfeita com o caminhar do grupo, cujo número de componentes varia, mas que vem se mantendo. “Queremos fortalecer o grupo para que se torne uma empresa social”, afirmou, ao lado de Ivo de Oliveira, com quem divide a sala no Paço Municipal. “O objetivo é que essas pessoas se tornem independentes”, frisou.

Porém este não é o único projeto do FSS, conforme disse. “Já compramos uma máquina de fazer fraldas. Queremos que as pessoas também se beneficiem com esse tipo de confecção. Podem se revezar, não é preciso que todo o grupo de confecção de fraldas trabalhe diariamente”. Outro passo que já vem ganhando adeptos é a formação de uma equipe de produção de comestíveis, a serem comercializados em eventos da Cidade que atraiam aglomerações. Podem ainda formar um bufê, que atenda comemorações e festas. “Pediremos indicações da Secretaria Municipal de Cidadania e Inclusão Social quanto a pessoas que estejam à procura de ocupação”, completou Ivo de Oliveira.

"O FSS deve funcionar como uma incubadora de projetos de economia solidária. Estamos voltados a pessoas que por diversas razões não se encaixem nem em grupos formais nem em informais de trabalho, mas que tenham potencial produtivo para a economia solidária, em que a pessoa recebe segundo sua produção”, completou Ivo de Oliveira.

É um dos objetivos da Administração incentivar a economia solidária, que vem ganhando espaço há mais de dez anos em todo o Brasil e principalmente nos Estados do Sul, onde os movimentos alternativos têm proliferado. Para quem não sabe, a economia solidária orienta-se pela ausência de intermediários e de exploração do lucro por quem não esteja engajado na produção.

Contatos com o grupo de costureiras podem ser feitos pelo e-mail [email protected].

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