Em 2015, durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Nova Iorque, lideranças de 193 países assinaram a declaração que deu origem à Agenda 2030. O documento estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desmembrados em 169 metas, para erradicar e combater mazelas globais até o ano de 2030.
Atentas à relevância do tema, as cooperativas brasileiras aderiram à Agenda e aos ODS em 2016, com o intuito de contribuir com a construção de comunidades mais sustentáveis, inclusivas e prósperas para todos. A decisão de firmar esse compromisso reafirma a preocupação histórica que o cooperativismo tem em proporcionar melhores oportunidades de crescimento e bem-estar para as pessoas.
Desde o seu surgimento, as cooperativas têm como premissa possibilitar que indivíduos com objetivos em comum prosperem por meio do trabalho coletivo. Isso, por si só, configura uma forma inteligente de fazer negócios, economicamente viável e com impacto social imediato para os cooperados (membros das cooperativas) e seus familiares.
Contudo, o benefício social gerado pelo modelo econômico vai além. Os ganhos se estendem para as comunidades em que as cooperativas se estabelecem, por meio da geração de mais empregos, do fomento ao desenvolvimento local e da realização de ações voltadas para o público em geral.
O engajamento das cooperativas com pessoas que não necessariamente têm relação direta com o modelo de negócio se dá devido ao seu caráter humano, centrado nas pessoas e que preza pelo desenvolvimento econômico junto com o desenvolvimento social. Essa postura está oficializada no sétimo princípio do cooperativismo, que leva o nome de “Interesse pela Comunidade”.
A diretriz, que remonta às práticas já adotadas pelas primeiras cooperativas modernas que surgiram no mundo, ainda no século XIX, estimula o desenvolvimento sustentável das comunidades, por meio de políticas que tenham a anuência dos cooperados. Dessa forma, muito antes da criação da Agenda 2030, o movimento cooperativista está empenhado em desenvolver projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos.
No Brasil, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2023, há 4.693 cooperativas registradas em atividade, que reúnem 20,5 milhões de cooperados (10% da população, com base no último censo do IBGE) e 524 mil colaboradores. Em termos de impacto, verificou-se que para cada R$ 1,00 gasto no coop, R$ 2,92 é devolvido para a sociedade em forma de benefícios.
No Espírito Santo, são 115 cooperativas, que contam com 747 mil cooperados e empregam 11,5 mil pessoas, conforme a edição mais recente do Anuário do Cooperativismo Capixaba. Somente por meio de inciativas realizadas no estado no âmbito do Dia de Cooperar, movimento nacional que incentiva cooperativas a desenvolverem ações sociais, mais de 93 mil pessoas foram beneficiadas.
Esses números demonstram o quanto as cooperativas ajudam a construir comunidades mais sustentáveis e alinhadas ao cenário almejado pelos países comprometidos com a Agenda 2030. Embora as metas sejam ousadas, é reconfortante lembrar que grandes mudanças começam com pequenas atitudes, e que quanto mais agentes estiverem unidos em prol dessa causa, maiores serão as chances de alcançarmos os objetivos estabelecidos pela ONU. Em síntese, juntos fazemos mais pelas pessoas e por comunidades inteiras.