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Autogestão no Brasil

A autogestão no Brasil tem uma trajetória marcada por desafios e avanços, especialmente no contexto do cooperativismo e da economia solidária. Desde experiências pioneiras até iniciativas contemporâneas, o modelo de gestão coletiva tem sido uma alternativa para trabalhadores que buscam autonomia e sustentabilidade econômica.

A autogestão é um modelo em que os próprios trabalhadores administram a organização, tomando decisões coletivas sobre produção, distribuição de renda e investimentos. Esse modelo pode ser aplicado em:

Cooperativas de trabalho e produção.

Empresas recuperadas por trabalhadores (exemplos na Argentina e no Brasil).

Iniciativas de economia solidária, como associações e redes colaborativas. 

 

No Brasil, a autogestão está diretamente ligada ao movimento cooperativista, à luta sindical e ao desenvolvimento da economia solidária como alternativa ao desemprego e à precarização do trabalho.

 

- A História da Autogestão no Brasil

Anos 1960-1980: Início e Repressão

No período da ditadura militar, cooperativas e experiências autogestionárias foram limitadas pelo regime, que favorecia um modelo econômico centralizador.

Algumas experiências, como as cooperativas agrícolas, ainda sobreviveram, mas com forte regulação estatal.

 

Anos 1990: Empresas Recuperadas e Economia Solidária

Durante a crise econômica e as privatizações, muitas empresas faliram e foram ocupadas pelos trabalhadores, gerando experiências de empresas recuperadas por meio da autogestão.

O governo Fernando Henrique Cardoso - FHC criou o Programa Nacional de Crédito Solidário, incentivando a formalização de cooperativas de trabalho.

 

Anos 2000: Fortalecimento da Economia Solidária

No governo Lula, a autogestão e a economia solidária ganharam mais espaço com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES).

O surgimento de redes e fóruns, como o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, fortaleceu a articulação entre cooperativas e empreendimentos autogestionários.

 

Atualidade: Desafios e Oportunidades

Dificuldade de acesso a crédito: O modelo autogestionário ainda enfrenta barreiras no financiamento.

Falta de políticas públicas consistentes: Sem apoio governamental estável, muitas iniciativas lutam para se manter

Sugestão para autogestão:

Digitalização e plataformas cooperativas: A tecnologia pode ser um grande aliado para conectar cooperativas e fortalecer a autogestão.

 

- A Autogestão e a Plataforma Digital Colaborativa

O projeto da plataforma digital colaborativa pode ser um divisor de águas para a autogestão no Brasil. Ele pode:

Facilitar a intercooperação entre cooperativas, organizando demandas e ofertas.

Oferecer educação e treinamento, aplicando o quinto princípio cooperativista.

Garantir transparência na gestão, permitindo que os cooperados participem ativamente da tomada de decisões.

Com base no modelo da Regra 30/70, a plataforma pode estruturar a sustentabilidade econômica dos cooperadores e das cooperativas de forma equilibrada.

 

4. Perspectivas para o Futuro

A autogestão no Brasil pode se fortalecer se:

? For integrada a um modelo digital, permitindo acesso a mercados e intercooperação eficiente.

? Houver apoio institucional, com políticas públicas e fundos de financiamento específicos.

? Os cooperadores receberem formação adequada, garantindo que saibam administrar seus negócios coletivamente.

Rosalvi Maria Teofilo Monteagudo

Contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária e articulista na internet. Mestre em cooperativismo pelo CEDOPE/UNISINOS, em São Leopoldo – RS. Foi editora responsável do boletim informativo do ICA/SAA, São Paulo, no qual criou o espaço “Repensando o Cooperativismo”. Organiza cursos, conferências, estandes em feiras e já foi voluntária na Pastoral da Criança.

 

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