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Liderança cooperativista ganha força em um mundo em busca de soluções

Em um mundo em rápida transformação, desafios e desigualdades crescentes, a liderança cooperativista assume um papel estratégico e urgente. Todos somos chamados, de alguma forma, a transformar positivamente realidades à nossa volta. No cooperativismo de crédito, mais especificamente, esta atuação precisa se dar guiada por valores, propósito e comprometimento com o desenvolvimento coletivo, a base da atuação das cooperativas do segmento mundo afora. Ora se não são indicadores que podem, e devem, guiar a atuação de toda e qualquer liderança.

Trazer luz para este tema é algo oportuno que se conecta especialmente com este ano de 2025, declarado pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional das Cooperativas, e sob a perspectiva da realização da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito (WCUC 2025), que ocorre de 14 a 16 de julho, em Estocolmo, Suécia. Trata-se do principal fórum global do setor, promovido pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu), e um espaço importante para reflexão, construção de soluções e fortalecimento da cooperação internacional.

Neste cenário, o papel do líder cooperativista se amplia e se redefine. Ele não é apenas um gestor, mas um mobilizador social, um articulador de redes e um catalisador da inclusão. Trata-se de alguém que pensa estrategicamente, mas mantém os pés firmes na realidade da comunidade; que investe em tecnologia, mas com foco nas pessoas. No âmbito do Sicredi, essa visão tem sido sustentada com resiliência e perseverança, refletindo o compromisso contínuo com temas globais de relevância, por reconhecer sua importância para o desenvolvimento sustentável e a transformação social.

O Brasil tem mostrado ao mundo a força desse modelo. Segundo o mais recente Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), publicado pelo Banco Central (julho 2025), as cooperativas de crédito brasileiras somam hoje mais de 19,2 milhões de associados, dos quais 16,2 milhões de pessoas físicas e 3 milhões de pessoas jurídicas. Esse contingente é atendido por 753 cooperativas singulares, distribuídas em mais de 10 mil agências em todo o país. Os ativos totais do setor superaram R$ 885,3 bilhões em 2024, alta de 21,1% em relação a dezembro de 2023, com as operações de crédito totalizando R$ 464,5 bilhões, alta de 17,6%. As captações também apresentaram desempenho robusto, com crescimento de 21,7% e atingindo R$707,9 bilhões.

Esses números refletem uma trajetória de expansão consistente e responsável, alicerçada por lideranças que souberam conciliar desempenho econômico com impacto social. Em um setor que dobrou de tamanho nos últimos anos, o desafio atual não é apenas continuar crescendo — é crescer com sentido, reforçando vínculos comunitários e promovendo transformação onde o sistema financeiro tradicional ainda não chega.

Na WCUC 2025, o Brasil terá uma presença significativa, levando cases de inclusão financeira, inovação tecnológica, estímulo ao empreendedorismo e desenvolvimento regional. Também participaremos ativamente de agendas que discutem temas-chave para a liderança cooperativista contemporânea: diversidade, juventude, governança e equidade de gênero. Iniciativas como o Wycup (World Young Credit Union Professionals) e o Global Women’s Leadership Network (GWLN) reforçam que o futuro do setor está nas mãos de lideranças plurais, empáticas e comprometidas com um mundo mais justo.

No Brasil, além dos nossos Comitês Jovem e Comitê Mulher, que traduzem as iniciativas globais, a Fundação Sicredi desenvolve, por meio dos programas “A União Faz a Vida” e “Cooperação na Ponta do Lápis”, iniciativas que transformam realidades e fortalecem o compromisso com a educação e a cidadania. Juntos, esses programas têm gerado impactos significativos nas comunidades onde atuamos, fomentando o desenvolvimento humano, a inclusão e a formação de uma cultura de cooperação desde a base.

Participar da Conferência internacional, neste contexto, é exercer a liderança cooperativista em sua plenitude e construir pontes. É reconhecer que liderar, hoje, significa dialogar com a sociedade, antecipar tendências e manter-se fiel aos princípios que tornaram o cooperativismo uma referência mundial de equilíbrio entre pessoas e resultados.

Mais do que uma resposta aos desafios contemporâneos, o cooperativismo é uma proposta de futuro. E o líder cooperativista é seu principal porta-voz. Cabe a ele tornar esse modelo mais visível, compreendido e valorizado pela sociedade. Cabe a ele construir pontes entre o que já fazemos e o que ainda podemos realizar, sempre com o olhar voltado para o coletivo.

Neste Ano das Cooperativas, e diante da realização de um evento tão simbólico como a WCUC 2025, renovamos nosso compromisso com um modelo que transforma economias e vidas. E com uma liderança que inspira, serve e compartilha.

Manfred Alfonso Dasenbrock

mestre em administração, presidente do Sicredi, da Central Sicredi PR/SP/RJ e conselheiro do Woccu (Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito)

 

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