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Autonomia Financeira e Sustentabilidade Econômica no Cooperativissmo

A autonomia financeira é mais do que um direito: é uma condição necessária para a sobrevivência e expansão do cooperativismo. Diferente de empresas tradicionais, as cooperativas dependem do engajamento direto de seus associados, tanto na gestão quanto no financiamento. Sem autonomia de capital, ficam vulneráveis à dependência de subsídios ou a pressões externas, comprometendo sua missão social.

No século XXI, marcado por crises econômicas, transições digitais e desafios ambientais, a autonomia financeira ganha novo sentido. Ela precisa ser entendida como base da sustentabilidade econômica e da consolidação de redes cooperativas de apoio mútuo.

 

2. Autonomia Financeira e Desenvolvimento Sustentável

A autonomia financeira garante que as cooperativas tenham meios para planejar, inovar e se adaptar. Singer (2002) destaca que o cooperativismo é alternativa ao mercado capitalista justamente porque constrói suas próprias formas de autossustentação. Gaiger (2018) reforça que a cooperação deve ser um instrumento de desenvolvimento, e não apenas de sobrevivência.

No Brasil, a OCB (2020) aponta que as cooperativas que alcançam maior solidez financeira são justamente aquelas que conseguem combinar boa gestão com estratégias de intercooperação. Isso confirma que a autonomia não é resultado isolado, mas fruto de um esforço coletivo.

 

3. Intercooperação como Estratégia

O sexto princípio da Aliança Cooperativa Internacional (ACI, 2018) indica que cooperativas devem trabalhar juntas em redes locais, nacionais e internacionais. A intercooperação permite compartilhar riscos, ampliar mercados e criar fundos comuns. Nesse sentido, a autonomia financeira individual de cada cooperativa se fortalece quando ancorada em sistemas de colaboração.

 

4. A Contribuição da Democracia da Cooperação

Em sua obra Democracia da Cooperação: Proposta Socioeconômica para o Século XXI, Monteagudo (2025, no prelo) propõe que a sustentabilidade econômica advém da organização do capital de forma cooperativa, de baixo para cima. A autora apresenta a Plataforma Digital Colaborativa como ferramenta prática para articular essa transformação.

Essa plataforma conecta recursos humanos, materiais e financeiros das cooperativas, permitindo um fluxo mais democrático de informações e investimentos. Ao integrar diferentes setores, cria condições para que a autonomia financeira deixe de ser apenas objetivo e se torne realidade concreta no cotidiano das cooperativas.

A autonomia financeira é condição indispensável para o desenvolvimento sustentável do cooperativismo. Mais do que um direito, trata-se de requisito essencial para garantir resiliência diante das crises globais e capacidade de inovação em tempos de transformação digital.

A intercooperação, ao lado de propostas inovadoras como a Plataforma Digital Colaborativa, oferece caminhos concretos para que as cooperativas organizem o capital de forma solidária e ascendente. O futuro do cooperativismo será determinado pela capacidade de transformar autonomia em prática coletiva, fortalecendo uma economia em rede e verdadeiramente democrática.

Rosalvi Maria Teofilo Monteagudo

Contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária e articulista na internet. Mestre em cooperativismo pelo CEDOPE/UNISINOS, em São Leopoldo – RS. Foi editora responsável do boletim informativo do ICA/SAA, São Paulo, no qual criou o espaço “Repensando o Cooperativismo”. Organiza cursos, conferências, estandes em feiras e já foi voluntária na Pastoral da Criança.

 

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