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Taxistas de Manaus lançam sistema "Táxi Compartilhado" com preços mais baixos

29/08/2017

Com uma queda de 90% no faturamento após a implantação do aplicativo Uber na capital, taxistas de Manaus resolveram devolver o baque com o lançamento de um novo sistema: o táxi compartilhado. O serviço foi lançado nesta semana, e em poucas horas, conta com 500 taxistas fazendo parte do grupo. Além disso, a categoria aposta em um aplicativo de celular que oferece 25% de desconto nas viagens, o “Sete Táxi”. Os trabalhadores afirmam que as ideias têm o objetivo de “resgatar” os passageiros e sobreviver no mercado.

As duas novidades foram anunciadas pela União dos Taxistas de Manaus (UTM) e motivadas principalmente pela diminuição no ganho dos taxistas. Segundo eles, a média de lucro obtida pelos trabalhadores chega a R$ 80 atualmente, valor considerado baixo, tendo em vista que, antes da Uber, cada trabalhador chegava a faturar R$ 300 por dia. Prova disso é que eles afirmam que 30% da frota de táxi está parada por falta de passageiros. “Todo dia, cinco taxistas estão devolvendo os carros. É uma concorrência desleal”, disse José Pinheiro, um dos representantes da UTM.

Segundo ele, a ideia surgiu há 22 anos, mas nunca foi colocada em prática por não ser aceita pelos trabalhadores. Agora, com o surgimento de plataformas com preço mais baixo como a Uber, ele afirma que os taxistas estão preparados para enfrentar a concorrência recém-chegada. “Agora os taxistas estão unidos para tentar resgatar os clientes para o táxi e conseguir sustentar a nossa família, já que uma plataforma surgiu sem pagar imposto e sem deixar nada para o Governo”, declarou.

Táxi compartilhado

Para solicitar o serviço, basta o passageiro identificar o táxi com o adesivo de “Táxi Compartilhado” e informar o local de destino ao taxista. Nesse sistema, o taxista pode levar até quatro passageiros que terão destinos dentro de rotas criadas pela UTM. O valor varia de R$ 5 a R$ 10 por pessoa, dependendo da distância do local até o Centro da cidade. “Por exemplo, do Aleixo até o Centro, a viagem normal sairia por R$ 22. Dividido pra quatro pessoas, a quantia paga por você seria de R$ 5 no final da viagem”, explicou Alex Adriano, taxista e representante da UTM.  

O sistema criando pela UTM é semelhante ao Uber Pool, ativo em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro e que propõe viagens compartilhadas, no entanto, ainda não está disponível em Manaus pela empresa e não tem previsão para ser implantado.

Segundo os taxistas, a renda não deve ser afetada com a ideia e nem gerar desconforto com as cooperativas de táxi. “É um serviço oferecido de taxista pra cliente. Aqui não tem atravessador (cooperativas). Cada trabalhador vai ganhar aquilo que trabalhar. Só depende dele”, explicou, adiantando que o objetivo é contemplar pelo menos 3 mil taxistas da cidade. Atualmente, Manaus possui 4.042 permissionários e 2.700 auxiliares.

Questionados se o sistema oferecerá segurança aos passageiros por propor viagens coletivas, o grupo responde que a segurança do passageiro estará na confiança com o taxista. A facilidade de contato entre eles também é um dos argumentos levantados pelo grupo para coibir possíveis assaltos, afirmando que a ideia já existe em cidades brasileiras também em resposta ao transporte Uber.

“O movimento é para que o taxista seja visto de outra forma. Fomos marginalizados com o surgimento dessas plataformas e queremos mudar isso. É uma categoria centenária que não pode ser jogada fora dessa forma”, declarou Pinheiro.

Desconto em aplicativo

Além do táxi compartilhado, outra frente anunciada pela UTM é o lançamento do aplicativo “Sete Táxi”, disponível para sistemas Android e iOS. Segundo eles, os passageiros que solicitarem corridas pelo aplicativo terão desconto de R$ 25 nas viagens, valor que pode ser equiparado ao preço dado pela Uber. Segundo a UTM, todos os taxistas de Manaus estão fazendo parte do aplicativo.  

“É a lei da sobrevivência, ou a gente trabalha dentro disso, ou a gente não vai ter condições de pagar as taxas. A inadimplência está muito grande porque não temos condições de pagar. Hoje há 800 taxistas inadimplentes após o surgimento das plataformas. Não viemos aqui para atingir ninguém, é só uma forma para complementar nossa fonte de renda”, disse.

 

A Crítica - AM

 

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