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Baixa coleta seletiva e informalidade são os maiores desafios para cooperativas de reciclagem em Goiás

29/05/2025

O Brasil produz, por ano, cerca de 81 milhões de toneladas de resíduos, segundo o Panorama de Resíduos Sólidos de 2024, da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Apenas 8% desse total é reciclado. E 70% dos resíduos reciclados são tratados por catadores informais. Nesse cenário, as cooperativas de trabalho de reciclagem se erguem não só como solução ambiental, mas como causa social.

Em Goiás, são produzidas cerca de 6,9 toneladas de lixo por dia, conforme relatório divulgado no ano passado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O mesmo estudo revelou que apenas 76, dos 246 municípios goianos, já implementaram serviços de coleta seletiva.

Entre os municípios goianos que têm coleta seletiva, 29 trabalham com catadores, sejam eles cooperados ou não. No quesito cooperativas de trabalho de reciclagem, Goiás tem 80 atuando em 72 municípios. Em 2023, a Abrema levantou que apenas 1,7% dos resíduos sólidos urbanos coletados em Goiás são reciclados.

“A principal dificuldade é que o material separado em Goiás é pouco. As pessoas ainda não têm essa cultura, em nosso Estado, de separar o lixo. Além disso, o caminho do material até as cooperativas é muito difícil”, afirma Luís Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/GO.

A entidade busca contornar essas dificuldades oferecendo melhores condições de trabalho e também ajuda no processo de gestão interna das cooperativas. Além disso, o dirigente afirmou que está em estudo um processo em que as próprias cooperativas, remuneradas para isso, possam levar o material separado até suas unidades.

 

NegóciosCoop

Das 80 cooperativas goianas de trabalho de reciclagem, 24 possuem vínculo com o Sistema OCB/GO. Elas podem usufruir do NegóciosCoop, programa que visa capacitar e desenvolver o modelo de negócio. No ano passado, foi lançado um programa específico para o setor: o Programa NegóciosCoop para Reciclagem, que se baseia nos pilares de organização do quadro social, produção, gestão, agregação de valor e mercado para capacitar as cooperativas de reciclagem.

Em 27 de junho deste ano, haverá a formatura da primeira turma do NegóciosCoop para reciclagem. São 60 cooperados de cinco cooperativas que receberam a capacitação que visa reafirmar o viés empreendedor do segmento.

Luís Alberto afirma que o Sistema OCB/GO acredita que a reciclagem é um importante segmento do empreendedorismo e por isso precisa de recursos e investimentos. Entretanto, a sociedade e o governo, por vezes, ainda enxergam o pagamento pelos serviços dos catadores como uma espécie de assistência social.

Para debater a relevância social e ambiental da classe, o Movimento Eu Sou Catador realizou o Seminário Regional de Catadores do Centro-Oeste neste mês, em Goiânia. O evento, que recebeu apoio do Sistema OCB/GO, reuniu mais de 200 catadores da região, além de autoridades e especialistas no assunto.

 

Lei de Incentivo

A questão dos resíduos é tão relevante que, em 2021, foi sancionada a Lei de Incentivo à Indústria e à Cadeia Produtiva da Reciclagem. Busca fortalecer a reciclagem no Brasil, promovendo a economia circular e incentivando empresas e pessoas a investirem em projetos do ramo.

Além disso, o governo federal retomou o Programa Cataforte no ano passado, com recursos de R$ 103,6 milhões. O programa se destina ao fortalecimento de cooperativas e associações de catadores de recicláveis. Além do Cataforte, o governo e outros entes federais apresentaram um conjunto de ações voltado ao universo dos catadores que totalizam R$ 425,5 milhões.

Ainda assim, são muitos os desafios da reciclagem no Brasil. Falta apoio dos municípios e a população segue com relativa ignorância sobre a coleta seletiva. Além disso, por vezes a figura do catador é colocada de lado nas ações do ramo.

Muitas pessoas ainda não compreendem a relevância da coleta seletiva para o meio ambiente e para a economia. Isso acontece mesmo com o elevado número de catadores na população: são mais de 800 mil, com 70 mil deles espalhados em cerca de 3 mil cooperativas.

 

Perspectivas

A boa notícia é que o futuro pode ser promissor. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), instituído por decreto em 2022, prevê um aumento na recuperação de resíduos. A meta é aumentar a recuperação para 50% e quadruplicar o volume de materiais reciclados pós-consumo.

Dessa forma, o faturamento e a importância das cooperativas de trabalho de reciclagem tendem a aumentar. De acordo com o presidente Luís Alberto, as cooperativas são um importante elo dessa cadeia. Um futuro mais sustentável e próspero para o Brasil precisa fortalecer essas organizações e ressaltar a relevância e o empreendedorismo dos catadores.

Essas pessoas, algumas delas anteriormente até mesmo em situação de vulnerabilidade social, tornam-se agentes fundamentais no enfrentamento da complexa questão da reciclagem dos resíduos urbanos. Divino Teles, presidente da cooperativa Recicla Sudoeste Goiano, foi certeiro quando disse, no Encontro Catar, o seguinte: “No âmbito da reciclagem, nós somos a salvação. Não somos só catadores, somos empresários do ramo da reciclagem.”

Sistema OCB/GO

 

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