Em audiência pública, cooperativas denunciam queda na coleta de recicláveis
11/06/2025
Cooperativas de reciclagem relataram, em audiência pública na última sexta-feira (6), queda no volume e na qualidade dos resíduos coletados desde que o Consórcio Limpa Gyn assumiu o serviço, antes realizado pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O debate foi presidido pela vereadora Kátia (PT) e realizado na Câmara de Goiânia e contou com a participação do Sistema OCB/GO, representado pelo gerente de Comunicação e Marketing, Fábio Salazar.
A audiência foi motivada após a Prefeitura rescindir unilateralmente um contrato que previa pagamento às cooperativas pelos serviços de triagem. O acordo, firmado em novembro de 2024, serviria como base para uma futura formalização com a Comurg, então responsável pela coleta seletiva. Com a mudança, o Limpa Gyn, consórcio que já atuava na limpeza urbana, passou a gerir também a coleta de recicláveis.
Juliano Barros Araújo, promotor do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), destacou que a Lei Federal 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), obriga o município a separar os materiais recicláveis para evitar que sejam enviados a aterros. “O poder público pode contratar cooperativas para a triagem, assim como terceiriza outros serviços. Os catadores vivem apenas da venda do material, sem remuneração pelo trabalho, o que a lei busca corrigir”, afirmou. Ele ressaltou que Goiânia tem orçamento de R$ 561 milhões para resíduos em 2025, verba que poderia ser usada para pagar as cooperativas.
O Sistema OCB/GO vem acompanhando de perto a situação das cooperativas de reciclagem de Goiânia. Desde o início do mês a entidade iniciou discussão com a Comurg para buscar alternativas que possam ampliar a coleta seletiva e reciclagem do lixo na capital.
Problemas na coleta
Inicialmente, o contrato com o Limpa Gyn exigia caminhões compactadores, mas a Prefeitura e o consórcio foram alertados de que a prensa danifica os materiais e dificulta a triagem. A empresa então passou a usar caminhões-baú, como fazia a Comurg. Mesmo assim, as cooperativas afirmam receber itens amassados e em menor quantidade.
“O material que chega é pouco e de baixa qualidade. Não dá para pagar nossas contas”, disse Mylene Lima dos Santos, presidente da cooperativa A Ambiental.
Cleverson Emerick, gestor da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), negou que a coleta tenha diminuído. “Houve apenas ajustes de horário para não coincidir com a coleta comum. O número de equipamentos aumentou”, afirmou. Ele admitiu, porém, falhas na comunicação com a população sobre os dias e horários da coleta seletiva, o que pode levar à mistura de recicláveis com lixo comum.
Sobre o rompimento do contrato com as cooperativas, Emerick argumentou que o acordo perdeu validade com a saída da Comurg. “Estamos reestruturando os contratos de limpeza urbana. Depois, definiremos quem fará a triagem”, disse.
A vereadora Kátia cobrou fiscalização da qualidade do serviço, diante das denúncias. O gestor da Seinfra informou que se reunirá com o Limpa Gyn nesta semana e convidou a parlamentar e o MP para acompanhar.
Sistema OCB/GO com informações da Agência Câmara Goiânia