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Sistema Ocepar lamenta morte do seu primeiro presidente, Guntolf van Kaick

30/06/2025

Faleceu na noite deste domingo (29/06), em decorrência de uma pneumonia, no Hospital Nossa Senhora do Pilar, em Curitiba, aos 90 anos, Guntolf van Kaick, o primeiro presidente da Ocepar. Ele ocupou o cargo por quatro gestões: na fundação, entre 1971 e 1974; depois nos anos de 1974 a 1976; de 1981 a 1983; e de 1984 a 1986. Van Kaick era casado com a senhora Rose e tinha quatro filhos: Guntolf Júnior, Tamara, Átila e Janine.

O velório será realizado a partir das 10h desta segunda-feira, na Capela Central do Cemitério Luterano, localizado na Rua Ivo Leão, 205 - Alto da Glória, Curitiba. O enterro está previsto para as 16h30, também no Cemitério Luterano.

José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, recebeu a notícia com muita tristeza. “Muito mais do que um líder, van Kaick era um grande amigo nosso. Neste momento de extrema dor, em nome de todas as cooperativas paranaenses, expressamos pesar e nos unimos aos familiares, em especial a Sra. Rose e filhos, desejando que tenham forças para superar tamanha perda. As pessoas de bem não morrem, apenas se eternizam.”

“Durante toda a sua vida, van Kaick desempenhou a tarefa de líder com competência e colocou a Ocepar em evidência nacional”, comentou Ricken. Para ele, van Kaick “foi o grande responsável pela estruturação da Ocepar durante sua primeira gestão. Dada a sua criatividade, em pouco tempo tornou a organização uma entidade modelo. Só temos a agradecer pelo imprescindível trabalho, profissionalismo, dedicação e amizade do engenheiro agrônomo Guntolf van Kaick na consolidação do cooperativismo no Estado do Paraná”, frisou Ricken.

Guntolf van Kaick nasceu no dia 17 de junho de 1935, em Serra Negra, distrito de Guaraqueçaba, litoral do Paraná, onde residia em sua propriedade, na qual criava búfalos. Filho de pai alemão e mãe nascida na colônia alemã de Tanga, na África (Namíbia), que emigraram ao Brasil nos anos 1920.

Já no Brasil, a família de van Kaick sentiu na pele as consequências da Segunda Guerra: foram desalojados da propriedade rural de Serra Negra pela polícia brasileira e deixados na estação ferroviária de Curitiba, onde foram acolhidos por pessoas amigas. Guntolf estudava à noite e trabalhava de dia.

Formou-se em Agronomia em 1959 e conseguiu um emprego na Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (Acaresc), em Chapecó. Trabalhou na Secretaria da Agricultura de São Paulo, depois na DuPont do Brasil, quando foi convidado, em 1964, a ingressar na Cooperativa de Cotia, para atuar na região Sul do Paraná.

Presidiu a Ocepar por quatro gestões e, já na primeira, implantou o seguro contra o granizo, obteve recursos do fundo de pesquisa do trigo e realizou o primeiro convênio de pesquisa com o Ipeame. A segunda gestão foi marcada por iniciativas como: a aquisição da indústria de leite Kamby, de Londrina, por um grupo de cooperativas; a implantação do Projeto Piloto de Autofiscalização; a criação do Comitê Pró-Constituição das Cooperativas de Crédito; a constituição da Central Cocecrer-PR; e a instalação do Centro de Pesquisa em Cascavel e Palotina.

Celebração dos seus 89 anos no Sistema Ocepar

Na sua última visita à Ocepar, no dia 19 de junho do ano passado, ele recebeu uma homenagem surpresa de todos os funcionários do sistema, pela passagem dos seus 89 anos, comemorados no dia 17. Na ocasião, ele estava acompanhado do filho, Guntolf van Kaick Júnior, e do neto, Alexandre van Kaick Seger.

“No final de 2023, tivemos quatro ex-presidentes da Ocepar reunidos na reunião da diretoria. Foi um fato muito relevante. E hoje é uma felicidade ter van Kaick aqui. Ele que começou toda essa história e foi o responsável de semear os ideais do cooperativismo no Paraná de forma organizada”, disse o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

Na ocasião, o superintendente da Fecoopar, Nelson Costa, relembrou alguns fatos marcantes da trajetória de van Kaick. “A história dele com o cooperativismo remonta a uma época anterior a 1971, quando a Ocepar foi constituída. Naquele período, ele fazia parte da Cooperativa Cotia Sul, que tinha sede aqui em Curitiba. E, nesse tempo, várias entidades se uniram em um movimento que deu origem à Ocepar”, explicou.

Nelson também lembrou que “um fato interessante é que o presidente da nova entidade seria Benjamin Hammerschmidt, da cooperativa Bom Jesus da Lapa. Só que, no dia em que ele estava vindo para a assembleia de constituição da Ocepar, furou o pneu do carro e não conseguiu chegar. E o que aconteceu? Foi semelhante a uma reunião de condomínio. Perguntaram se havia algum candidato, e o van Kaick foi o escolhido pelos presentes para o primeiro mandato”, acrescentou.

Depois, Nelson destacou outros momentos importantes ao longo das quatro gestões de van Kaick. “Foi um pouco da sua história brilhante no cooperativismo do Paraná. Os alicerces do cooperativismo no estado começaram com o senhor, e depois vieram outras pessoas, como Benjamim, Wilson Thiesen, Ignácio Donel, Dick de Geus, João Paulo Koslovski e, agora, o Ricken, na presidência do Sistema Ocepar”, completou.

Emocionado, van Kaick agradeceu pela homenagem e fez um breve relato sobre sua trajetória à frente da Ocepar, que hoje representa 242 cooperativas, de diferentes ramos de atividade, com um total de 4,5 milhões de cooperados, 145 mil empregados, R$ 10,8 milhões de resultados, US$ 7,9 bilhões em exportações e que faturou mais de R$ 205 bilhões em 2024.

“A gente vive para relembrar esses bons momentos. Sabemos como era no passado e ver como está hoje nos enche de orgulho. Ver que existem entidades voltadas a dar apoio àqueles que precisam. Tudo isso só foi possível através do apoio de muitas lideranças e do Sistema Ocepar. Acho que conseguimos construir um sistema que é um exemplo para o Estado do Paraná e para o Brasil”, afirmou Guntol van Kaick.

Orgulho

Ao final de seu pronunciamento, van Kaick também expressou o orgulho pelo desenvolvimento do cooperativismo paranaense. “Nós não tínhamos financiamento do Estado. Nem um centavo do governo federal ou estadual foi utilizado na construção desta casa. Foram recursos dos associados. Isso é algo que distingue a nossa entidade das demais, porque somos autênticos. Nós defendemos o ideal do cooperativismo. E percebemos que essa caminhada que o cooperativismo percorreu no estado do Paraná, nesses mais de 50 anos, é algo fantástico. Simplesmente fantástico. É difícil encontrar outro estado que se aproxime disso que temos aqui: um cooperativismo pujante, bom, e da forma como está, planejado, crescendo de ano a ano. Acho que isso é uma demonstração de competência, até espiritual. Colocamos o nosso espírito em todo esse trabalho para que ele se transforme no que é hoje. E vocês estão de parabéns. Estou entusiasmado ao ver esta sala cheia de pessoas, coisa que antes não acontecia. Parabéns a vocês, e estou muito feliz. Olho de longe e agradeço a Deus, que me deu esta oportunidade”, finalizou, sob aplausos.