Modelo mineiro de energia solar chega à Argentina por meio da Aliança Cooperativa Internacional
09/10/2025
As ações do Programa de Energia Fotovoltaica do Cooperativismo Mineiro (MinasCoop Energia) serão replicadas na Argentina, por meio de uma iniciativa da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), entidade associada à Organização das Nações Unidas (ONU). O projeto visa atingir a eficiência energética, além de cumprir o compromisso com o desenvolvimento social das cidades de Minas Gerais.
O programa de geração de energia solar atende 52 cooperativas e 80 instituições sociais do Estado, como creches, asilos e hospitais, incluindo a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, impactando a vida de 4,3 milhões de pessoas. O presidente da ACI, Ariel Guarco, esteve em Cristália, no Norte de Minas, para conhecer as três primeiras usinas do programa, instaladas em terrenos improdutivos de pequenos produtores rurais.
As áreas foram arrendadas pelo Sistema Ocemg — entidade de representação das cooperativas mineiras — e, agora, são a principal fonte de renda de 12 famílias da região. Guarco, que também é presidente da Confederação Cooperativa da República Argentina (Cooperar) e dirigente da Federação das Cooperativas de Eletricidade e Serviços Públicos da Província de Buenos Aires (Fedecoba), demonstrou muito interesse pelo projeto.
“Achei extraordinária a forma como o projeto conjuga transição energética democrática, solidariedade e compromisso com o desenvolvimento das comunidades. É um programa replicável no mundo inteiro”, declarou.
O MinasCoop Energia busca aproveitar os benefícios financeiros gerados pelas fontes renováveis e contribuir com as iniciativas de mitigação das mudanças climáticas. Esse trabalho ajuda a reafirmar o papel do cooperativismo na agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Sucato, destaca o ineditismo do programa, por incorporar, desde a concepção, o pilar social da doação de parte da energia gerada a entidades filantrópicas nas comunidades onde as cooperativas atuam. “Essa combinação de cooperativismo, transição para a energia limpa e responsabilidade social direta o coloca como referência alinhada a dez dos 17 ODS da ONU”, afirma.
No momento, o programa está em fase de divulgação e de inspiração para a replicação do projeto, tendo a Argentina como o caso mais avançado de diálogo nesse sentido. “Ainda não há previsão de implementação confirmada fora de Minas”, pontua.
No entanto, Sucato destaca que o presidente da ACI manifestou publicamente a intenção de levar o modelo para o cooperativismo argentino e, a partir daí, para outros países. “Ao disseminar o programa, buscamos também inspirar e pavimentar o caminho para que outros estados e países adotem o mesmo modelo”, completa.
O programa foi lançado em 2020 pelo Sistema Ocemg com o apoio estratégico do governo de Minas. O foco desta iniciativa está na promoção da autossuficiência energética em cooperativas mineiras, o que evidencia o diferencial social no DNA do cooperativismo.
Por meio do programa, as cooperativas presentes no Estado são incentivadas a construir usinas fotovoltaicas que atendam suas demandas energéticas. Parte da energia gerada é simultaneamente destinada a entidades filantrópicas em diversas regiões de Minas Gerais.
“É um programa concebido pelo Sistema Ocemg e implementado a partir de 2020, em diálogo com o governo de Minas, para orientar e viabilizar o investimento de cooperativas em usinas fotovoltaicas próprias com um diferencial social: a doação de parte da energia gerada a instituições filantrópicas do Estado”, explica Ronaldo Sucato.
Vale ressaltar que, desde novembro de 2022, o Sistema Ocemg conta com o registro oficial da marca MinasCoop Energia, consolidando sua atuação em prol de um futuro mais sustentável e inclusivo.
O programa conta com 138 usinas em operação em 88 cidades, totalizando 14 megawatt-pico (MWp) de potência instalada. Essa infraestrutura permite doar mais de 2,6 milhões de quilowatt-hora (kWh) por ano a diferentes instituições. Sucato destaca que o alívio financeiro proporcionado pela energia doada permite que essas entidades dediquem mais recursos à sua atividade-fim. “Isso impacta mais de quatro milhões de vidas”, afirma.
O projeto também contempla atualmente a geração de 1.147 empregos diretos e indiretos. De acordo com o dirigente, o programa já destinou R$ 232 mil a 12 famílias, antes sem fonte fixa de sustento, que arrendaram suas terras para a instalação das usinas fotovoltaicas, reforçando o retorno social do programa para as comunidades. “Do ponto de vista econômico, o investimento tem payback estimado de até cinco anos”, diz.
Em novembro do ano passado, o programa foi apresentado na plenária de abertura do lançamento oficial do Ano Internacional das Cooperativas. Ele foi detalhado pelo superintendente do Sistema Ocemg, Alexandre Gatti Lages, no evento organizado pela ACI, em Nova Délhi, na Índia. Na época, o dirigente apresentou alguns casos de famílias que foram impactadas por esse projeto.
O presidente do Sistema Ocemg reforça que o objetivo central é consolidar o programa como motor da mudança da matriz energética das cooperativas mineiras, ampliando cada vez mais a adesão ao programa. Outra meta a ser atingida nos próximos anos é o aumento do número de instituições beneficiadas para maximizar o impacto social direto.
“No plano operacional, o foco está em expandir a potência instalada com novas usinas fotovoltaicas em mais municípios, o que aumenta o alcance social e gera empregos diretos e indiretos nas regiões de implantação. Enfim, nossa intenção é expandir cada vez mais o programa”, conclui.
Diário do Comércio / Foto: Divulgação Sistema Ocemg