"MinasCoop Energia deve ser replicado em todo o mundo"
30/09/2025
O MinasCoop Energia, programa de transição energética criado pelo Sistema Ocemg em 2020, será exemplo para o Brasil e para o restante do planeta de como combater o avanço das mudanças climáticas. A iniciativa produz energia limpa e sustentável para 52 cooperativas e, parte da produção beneficia 80 instituições filantrópicas. São 138 usinas instaladas em 88 municípios, que geraram 1.147 empregos diretos e indiretos no Estado. Antes disso, Minas Gerais já era referência nacional pela criação do Dia C — maior programa de voluntariado do cooperativismo brasileiro.
Impressionado com os impactos do MinasCoop Energia, o presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Ariel Guarco, decidiu inserir o programa em seu próximo livro, que reúne os principais cases mundiais de transformação social por meio do cooperativismo. O Brasil será contemplado com apenas duas iniciativas: o programa de transição energética criado pelo Sistema Ocemg e o exemplo de uma cooperativa de crédito de Rondônia.
“O que mais me chamou atenção foi como a Casa do Cooperativismo Mineiro conseguiu identificar uma necessidade social e integrá-la a um projeto de energia limpa”, afirmou Guarco. “A experiência do MinasCoop Energia mostra como um projeto de geração sustentável pode melhorar a vida de muitas comunidades. É um modelo que pode ser replicado em todo o mundo”.
O primeiro país estrangeiro a utilizar a metodologia do MinasCoop Energia deve ser a Argentina. Guarco — que também preside a Confederação Cooperativa da República Argentina (Cooperar), entidade de representação do cooperativismo naquele país — já manifestou interesse na implantação do projeto por lá. “Esse é um presente que o cooperativismo mineiro oferece à comunidade internacional. Uma experiência generosa, que pode inspirar e fortalecer outras realidades sociais”.
Satisfeito com a repercussão do programa, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, explica: o MinasCoop Energia é mais um exemplo do compromisso do coop mineiro com a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos. “O mais importante não é falar de energia renovável, é lembrar que — antes da energia — estão as pessoas. E o que transforma o mundo em um lugar melhor é isso: gente cuidando de gente, com responsabilidade, com solidariedade e com visão de futuro”.
Impacto local
Para entender melhor o impacto do programa, Ariel Guarco foi convidado pelo Sistema Ocemg a visitar as primeiras usinas solares do MinasCoop Energia, instaladas nos municípios de Cristália e Botumirim (MG), dois dos mais carentes do Estado. O PIB de Cristália está estimado em R$ 59 milhões. A energia gerada na região abastece a sede e o Centro de Treinamento da Casa do Cooperativismo Mineiro. O excedente é doado à Santa Casa de Belo Horizonte.
O empreendimento também ajudou a melhorar a vida de 12 famílias da região que arrendaram parte de suas terras — consideradas improdutivas — para a instalação das usinas fotovoltaicas cooperativistas. “Até o momento, nós já repassamos R$ 232 mil para essas famílias, mudando a realidade local e entregando mais dignidade e inclusão para o município”, afirmou Alexandre Gatti, superintendente do Sistema Ocemg.
Para acompanhar a visita de Ariel Guarco, o Sistema Ocemg levou um grupo de 60 pessoas à Cristália, no dia 25 de setembro. Ciente da importância do programa para a comunidade e do interesse da ACI na internacionalização do mesmo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, gravou um vídeo para ser transmitido aos participantes do evento.
“O MinasCoop Energia é parceiro da nossa gestão e símbolo da revolução energética que promovemos no Estado”, afirmou o governador Romeu Zema. “Agradeço ao Sistema Ocemg, que tem sido um grande articulador desse avanço. Minas mostra que é possível prosperar de forma sustentável e eficiente”.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, também enviou uma mensagem cooperativistas: “O que o Sistema Ocemg está realizando é extraordinário. Criaram um modelo inovador, com energia limpa, intercooperação e solidariedade com a comunidade. Com a visita do presidente mundial da ACI, Ariel Guarco, temos a chance de levar esse exemplo mineiro ao mundo”.
Gratidão
Durante o evento em Cristália, o olhar de quem vive a transformação do MinasCoop Energia emocionou a todos. Entre as autoridades, dirigentes e convidados, estavam também os donos das terras que abrigam as primeiras usinas do programa. Martinha e Porfírio, moradores da comunidade, viram sua rotina mudar com a chegada da energia solar. Mais do que arrendatários, eles são parte viva da história do projeto e fizeram questão de dividir esse sentimento com os presentes.
A aposentada Martinha Rodrigues definiu o programa com simplicidade: “Todo mês eu tenho meu dinheirinho: pago o gás, faço minha feira, sobra para comprar meus remédios”. A renda mensal trouxe alívio e dignidade. Mas é o impacto coletivo que mais emociona. Ao saber que a energia também beneficia hospitais e instituições, ela se comoveu: “Meu sonho era ajudar gente. E hoje, com um pouquinho, eu ajudo com carinho, com amor. Sou grata a Deus e ao Sistema Ocemg”.
Porfírio Rodrigues também celebrou o que chamou de “honra” por participar do projeto. “Minha vida melhorou muito. Não é só pelo dinheiro, mas pelas amizades que a gente faz”, contou. “Consegui comprar um carrinho, fazer prestação”. Ele também se orgulha do impacto além da propriedade. “Saber que isso tudo ajuda creches, hospitais, asilos, dá uma sensação boa demais. A gente sente que faz parte de algo maior.”
O que mais foi falado no evento?
“O MinasCoop Energia é uma iniciativa sensacional. O programa é sustentável em três frentes: ambiental, social e econômica. Ele garante renda a pequenos produtores, beneficia entidades filantrópicas e reduz custos para as cooperativas. É um modelo de sucesso que precisa ser replicado pelo país”.
Marco Antônio Gaspar, superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.
“O MinasCoop Energia consegue reunir essas três frentes em um único projeto. A energia limpa atende ao pilar ambiental, a doação para entidades filantrópicas cumpre o papel social e a economia na conta de luz gera retorno financeiro. É uma iniciativa que tem tudo a ver com o cooperativismo”.
Rubinstein Carvalho, diretor de controladoria e finanças da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer)
“A adesão ao programa foi recente, mas muito significativa. Vimos no MinasCoop Energia uma forma eficiente de colocar em prática nossa preocupação com a comunidade. Montamos uma usina fotovoltaica diretamente na creche que escolhemos apoiar, a energia gerada cobre parte da conta da instituição. É uma aplicação concreta dos princípios cooperativistas, unindo sustentabilidade e compromisso social”.
Marcelo Andrade, conselheiro da Uniodonto Uberaba
“A decisão de aderir ao programa veio depois de uma conversa com o Sistema Ocemg. Já tínhamos iniciativas com energia fotovoltaica e vimos no MinasCoop uma forma de potencializar esse impacto. O projeto reúne os três pilares do cooperativismo: gera energia limpa, reduz despesas e apoia quem mais precisa. Em São Roque de Minas, geramos energia para nossas unidades e também para uma creche e um asilo da cidade. É gratificante ver esse resultado na prática”.
Lucas Arantes, vice-presidente do Sicoob Sarom
Sistema Ocemg