Cooperativas crescem o quádruplo do PIB
05/12/2011
As
240 cooperativas do Paraná devem fechar 2011 com faturamento de R$ 30
bilhões, anunciaram ontem os representantes do setor, em encontro que
reuniu em Curitiba 1,8 mil cooperados e, entre as autoridades, o ministro
da Agricultura, Mendes Ribeiro. A expansão será de aproximadamente 14% –
quatro vezes maior que a do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, cujas
projeções vão de 3% e 3,5%.
“O volume das
exportações aumentou e os preços em real se mantiveram altos. O mercado
interno se mostrou aquecido e também ajudou”, disse o presidente do
Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo
Koslovski. As exportações devem render R$ 2,2 bilhões ao cooperativismo
do estado – 7,33% do faturamento anual e 34% a mais que em 2010.
O que tem feito a diferença são os investimentos em agroindústrias,
disse o presidente da Coamo, Aroldo Galassini. Maior cooperativa
agrícola da América Latina, a empresa deve faturar R$ 5,6 bilhões neste
ano, R$ 1 bilhão a mais do que em 2010, quando a renda não atingiu o
valor esperado e ficou em R$ 4,58 bilhões (4,3% acima de 2009).
“Estamos programando novos investimentos para os próximos três anos,
que vão ampliar nossa capacidade de armazenagem e industrial”, revelou.
As cooperativas estão investindo perto de R$ 1,1 bilhão em 2011 e devem
lançar aposta de peso similar no ano que vem, conforme a Ocepar,
seguindo o movimento de verticalização verificado há três décadas.
O Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses não foi só de
comemorações e projeções. O setor cobrou investimento de R$ 7 bilhões em
infraestrutura no estado pelos governos estadual e federal. Só o Porto
de Paranaguá espera R$ 2 bilhões. Faltam recursos também para rodovias,
ferrovias e aeroportos, disse o presidente da Ocepar. Ele disse que as
cooperativas pretendem ampliar sua participação na indústria de 42% para
50% até 2015.
A ampliação da renda das cooperativas ajuda a estruturar o mercado e
reflete a elevação do faturamento também dos produtores. Henrique e Diva
Ruthes, de Rio Negro, que acessam recursos da cooperativa Sicredi,
contaram que, neste ano, faturaram R$ 0,50 por frango – 20 centavos a
mais que o índice do ano passado. Eles entregaram 125 mil aves aos
frigoríficos do setor, em cinco lotes. “Nos tornamos cooperados quando
financiamos os aviários. Queremos quitar o financiamento até o ano que
vem”, disse o avicultor da Região Metropolitana de Curitiba.
As cooperativas que dividem parte de seus lucros com os cooperados
devem iniciar uma série de assembleias nas próximas semanas. A
expectativa é de ampliação dos repasses aos produtores proporcional ao
crescimento do faturamento das empresas.
Empresas recorrem a novos arranjos
O Paraná inaugura arranjos que vêm sendo chamados de cooperativismo
de segunda geração. São associações entre cooperativas para a exploração
de um novo negócio. Neste ano, duas experiências foram confirmadas: o
sistema de comercialização conjunta de leite montado por Batavo
(Carambeí) e Castrolanda (Castro) e o frigorífico que vai receber aves
da Copacol (Cafelândia) e da Coagru (Ubiratã).
No caso das cooperativas do leite, as duas empresas de origem
holandesa optaram por trabalhar juntas ao invés de disputarem clientes. A
união foi confirmada logo após a Batavo ter inaugurado sua unidade
industrial, a Frísia, em setembro. Com uma indústria de dois anos, a
Castrolanda avalia que a união representa economia.
“Vamos inaugurar o novo frigorítico com a Coagru no final do ano que
vem”, disse Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol, primeira
cooperativa do Paraná a investir na industrialização de frango. Ele
prefere chamar a cooperativa Unitá, que vai administrar o abatedouro, de
“parceria”. A Copacol abate 330 mil aves ao dia. A nova indústria,
quando em plena atividade, atingirá 320 mil abates ao dia (50% para a
Copacol e 50% para a Coagru). No início das operações, será usada uma
única marca (Copacol). O investimento conjunto é de R$ 260 milhões.
