Produtor rural tem dificuldades em toda a cadeia produtiva
                16/01/2012
                
                O Brasil é uma das maiores nações agrícolas do planeta e o mundo todo 
está de olho em tudo o que se faz e se produz aqui. Mas a vida do 
produtor rural não tem sido fácil por conta dos entraves que ele 
encontra no meio do caminho, na hora de levar o produto até o 
consumidor. 
O sul de Minas Gerais nasceu com vocação para a agricultura. A fartura é
 grande: frutas, legumes, flores, ovos, grãos e, os mais importantes, 
leite e café. Essa mistura de culturas é uma herança dos colonizadores. 
Os agricultores de hoje aprenderam com os antepassados que uma 
propriedade deve ter de tudo.
“Toda produção agrícola e pecuária vem das tradições familiares, de 
pessoas que têm uma tradição na terra, que administram como o avô 
administrou, como o pai administrou, eles vão herdando”, diz Ricardo 
Setti, professor de administração rural da Universidade Federal de 
Lavras (UFLA).
O maior desafio para os agricultores é conciliar a parte boa da herança 
dos antigos com os novos métodos de produção. Segundo o professor, no 
mundo conectado que vivemos, é necessário se profissionalizar para 
enfrentar as dificuldades do mercado. “Os tradicionais que não encararem
 a propriedade como uma empresa estão fadados ao fracasso e vão sair da 
atividade.”
A pecuarista Rosângela Alves Fonseca ainda tenta entender como as coisas
 funcionam na fazenda. Ela passou por maus momentos na ordenha e teve 
que aprender a conviver com a chegada da tecnologia. “Se eu não abrisse 
mão dos conhecimentos antigos e usasse essa tecnologia existente aí eu 
não conseguiria produzir.”
A roça é como uma empresa. Na maior região produtora de café do Brasil, 
quem vive da cultura também sabe que não é nada fácil equilibrar as 
contas. Os avanços tecnológicos ajudam, mas o cafeicultor depende mesmo é
 da mão de obra. A maior parte das lavouras está nas encostas dos 
morros. No final, pesam os salários e encargos sociais.
Na fazenda de Eduardo Duarte, em Guaranésia, são produzidas 1,2 mil 
sacas de café todo ano. Ele investiu em máquinas para reduzir os custos e
 aumentar a segurança. A sacaria usada para armazenar a produção foi 
extinta, os R$ 4 mil que ele gastava para ensacar o café empregou num 
equipamento moderno, que manda o café a granel para a cooperativa. “É 
uma estrutura barata, com duas pessoas você carrega um caminhão a 
qualquer hora”, conta. 
Da porteira para fora, o produtor ainda vai encontrar outros desafios. O
 primeiro deles é de escoamento da produção, depois a dificuldade de 
comercialização e encontrar melhores preços para o produto, além de 
aspectos políticos e legais.
“A alternativa que o produtor tem é do associativismo, seja através do 
sindicalismo para uma representação política, seja através do 
cooperativismo para que ele possa ajudar na comercialização, força na 
compra de insumos de maneira mais barata e também na própria venda e 
escoamento da sua produção”, afirma o professor Ricardo Setti.
O porto seco de Varginha resolveu estender o horário de carregamento e 
despacho dos containers de café. Os caminhões eram liberados até as 16h,
 agora, o expediente vai até as 20h. O resultado foi que as exportações 
de café pelo porto seco quase dobraram.
Trabalhar no campo atualmente exige dedicação e muito conhecimento. 
Ficar na roça requer muito mais. “Eu e o Gilmar temos uma herança de 
família, todos produtores rurais. Então a paixão pela atividade é 
grande, isso que nos motivou a chegar até onde nós estamos e pretendemos
 melhorar mais”, diz Rosângela.
                
EPTV