Parceria internacionaliza economia solidária
                26/01/2012
                
                Uma experiência de integração produtiva entre o Rio Grande do Sul e o  Uruguai vai possibilitar a retirada de cerca de um milhão de garrafas  PET, mensalmente, de circulação. A parceria resultou na construção de um  centro de beneficiamento do material, sediado em Novo Hamburgo, e que  deve começar a operar ainda no primeiro semestre de 2012. 
 
A  ideia, motivada pela visita do presidente uruguaio José Mujica ao Rio  Grande do Sul em novembro passado, é promover a internacionalização da  cadeia de economia solidária. Ao todo serão investidos R$ 4,1 milhões -  R$ 3 milhões em aportes federais e R$ 1,1 milhão em contrapartida do  Tesouro do Estado - na preparação de uma área de 600 metros quadrados,  cedida pela prefeitura de Novo Hamburgo.
 
O empreendimento deve  gerar 30 empregos diretos e mais de 500 novos postos de trabalho para  catadores de polos nas cidades de Jaguarão, Santa Cruz do Sul, Novo  Hamburgo e Canoas que concentrarão a coleta feita por recicladores  gaúchos. O material arrecadado será triturado e transformado em flake.  Em seguida, a substância é enviada ao Uruguai e recebe o tratamento  necessário para a produção de fibras e retorna ao Brasil, onde outras  cooperativas utilizarão a matéria-prima para a confecção de peças de  vestuário, como blusas, saias, calçados e bolsas.
 
Para  oficializar a parceria, o governo do Estado e os municípios envolvidos  assinam hoje o contrato de instalação. O diretor de Apoio à Microempresa  e Economia Solidária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,  Tecnologia, Trabalho e Turismo de Novo Hamburgo (Sedetur), Ênio Brizola,  diz que o prédio está em fase de conclusão e o processo de licitações  para a compra de equipamentos deve começar nos próximos dias. “A  iniciativa, além de ampliar as fronteiras da economia solidária é de  vital importância para a autonomia dos trabalhadores, que passaram a  integrar e gerenciar uma rede estruturada para contemplar todas as  pontas da produção”, destaca. 
 
O secretário da Economia Solidária  e Apoio à Micro e Pequena Empresa, Maurício Dziedricki, diz que o  modelo de projeto é inédito. Ele classifica a iniciativa como um marco  do setor e antecipa que será instituído o Conselho Estadual de Economia  Solidária. “O objetivo da internacionalização é a formação de uma matriz  de desenvolvimento dentro da economia cooperativa e solidária, um  reconhecimento que já acontece na América Latina e na Europa. É um passo  decisivo para que se criem forças produtivas necessárias para  desvincular o Estado dos interesses especulativos, justamente, por meio  do capital social”, defende. 
 
O Rio Grande do Sul conta,  atualmente, com 2,5 mil empreendimentos já mapeados e identificados como  iniciativas econômicas, rurais e urbanas, em que os trabalhadores estão  organizados coletivamente.
                Jornal do comercio